Enophilo 2021: as tendências e a minha seleção

Vinhos brancos de elevadíssimo nível, um perfil de vinhos tintos mais elegantes, abertos e frescos e a valorização de castas autóctones e de longa história são tendências que, para mim, vêm para ficar. Tudo isto aconteceu num clima de sorrisos, num ambiente íntimo e especial.

Em 5 horas não deu para provar tudo, e havia muito a acontecer neste evento. Por onde começar? A primeira palavra vai para a região dos vinhos verdes e para a energia e cumplicidade que se vive entre os projetos 100 igual, Quinta de Santiago, Casas Altas e Vale dos Ares (Vinho Verde Young Projects). Desta sinergia já nasceu o Signature, um vinho a estarmos atentos. É bom ver pessoas apaixonadas que olham para o lado e, em vez de um concorrente, vêem parceiros e novas oportunidades. Acrescento aqui, também, os projetos da Quinta de Paços e Quinta do Regueiro que têm vinhos que me enchem as medidas.

O evento de Luís Gradíssimo prima pela boa organização, bom ambiente e pela simplicidade.

Segunda nota, em grande, vai para o espumante Raríssimo 2006 de Osvaldo Amado Winemaker. É uma experiência. Ainda me recordo do toque tostado deste espumante elegantíssimo. Não vou descrever, pois posso estragar. Os outros vinhos deste projeto são, também, um tratado.

Terceira nota de relevo vai para o projeto Giz de Luís Gomes. A consistência de todos os vinhos é impressionante. Um projeto em que tudo bate certo, mesmo que, no rosé, eu possa ter ficado com saudades de 2017.

A prova vertical de Somnium, que Joana Pinhão trouxe para o evento, foi para mim o ponto mais alto do evento, em termos de experiência, aprendizagem e viagem pelo mundo do vinho. A delicadeza do 2014 é sublime, a intensidade do 2017 surpreendeu.

Em termos de prova horizontal, a Maçanita Vinhos levou-nos a uma viagem incrível pelos Açores, um privilégio – até se considerarmos o preço dos vinhos. Centenária ou Vinha Canada? Quase que venha o diabo e escolha.

Nas novidades, os alvarinhos (ou Álvaros pequeninos) de Joaquim Arnaud, com enologia de Abel Codesso, mostraram o potencial desta casta na região de Lisboa, com frescura e acidez incisiva. De 2020, a Vieira de Sousa apresentou um Tinta Francisca e um Rufete de 2020 que vão perfeitamente de encontro a esta nova tendência. A Quinta do Paral, que eu desconhecia, da zona da Vidigueira, surpreendeu pela frescura e elegância dos seus vinhos. Do Dão o espumante do Conde de Anadia, os vinhos da Quinta da Ramalhosa e o espírito criativo da Portugal Wine Firm (provar o Aires, Entrosado ou o Alfrocheiro) são de realçar.

Brancos a um nível altíssimo

Os brancos deixaram-me rendido e e todos os produtores, praticamente, mostraram referências de grande nível. Vamos agora falar de alguns destaques nos vinhos brancos. Como só posso falar do que provei. Os meus 10 preferidos (sem repetir produtores):

Titan of Douro Daemon 2019

Giz Branco Vinhas Velhas 2020

Quinta do Regueiro Jurássico II

Ayres – Portugal Wine Firm

Vinha Centenária Azores – Azores Wine Company 2019

Raríssimo 2015

Somnium 2014 (ou 2017)

Cinética Alvarinho | Loureiro 2019

Sem Igual 2017

Vale dos Ares Vinha da Coutada 2018

Novidades a seguir e outros vinhos brancos a seguir

Joaquim Arnaud Lisboa – (os vários Alvarinhos)

Vinho Verde Young Project (VVYP Signature)

Valtuille (Bierzo – Espanha) 2020

Quinta de Santiago Vinha do Chapim 2020

Quinta do Paral Vinhas Velhas 2017

Quinta da Biaia Fonte de Vila 2015

Quinta do Regueiro Maturado 2019

Casal das Aires Chardonnay 2019

Casa do Capitão-Mor 2019

Quinta da Ramalhosa Field Blend White 2018

Casas Altas Pure

Vinha Canada 2018 – Azores Wine Company

Insignis Portugal Wine Firm Encruzado 2019

A elegância e a frescura nos vinhos tintos

Nos vinhos tintos, talvez a maior surpresa e admiração vai para vinhos menos extraídos, mais elegantes, frescos, com menor grau alcoólico. Uma tendência que me agrada cada vez mais, e que acredito que irá convencer os consumidores mais reticentes. Apesar de cor menos profunda e textura mais delicada, estes vinhos revelam-se na acidez e a tanino que apresentam.

Os meus 10 preferidos de ontem (Sem repetir produtores):

Giz Vinha das Cavaleiras 2018

Toroa 2014 Pinot Noir – Cizeron Wines – Nova Zelândia

Casal das Aires Vinhas Velhas 2019

Casa de Saima Baga Garrafeira 2015

El Rebolón Mengoba (Mencía) – Espanha 2018

Raríssimo (ano a confirmar)

Bluníssima Aragonez 2017

Quinta da Costa do Pinhão – Marufo 2019

Vieira de Sousa Tinta Francisca 2020

Titan of Douro Vale dos Mil 2019

Novidades a seguir e outros vinhos tintos a seguir

Quinta da Costa do Pinhão Peladosa (ano a confirmar)

Giz Vinhas Velhas 2018

Clos Fonte do Santo – Quinta do Javali 2019

Portugal Wine Firm Alfrocheiro

Lote 5 Grande Reserva 2014

Cinética 2018

Vieira de Sousa Rufete 2020

Quinta da Ramalhosa Alfrocheiro/Touriga Nacional 2017

Portugal Wine Firm – Entrosado 2017

Somnium 2019

Espumante e Rosés

Nos espumantes, além do Raríssimo 2006, outra ótimas opções para são o Giz Cuvée de Noirs 2018 (muito elegante) ou o Conde de Anadia Assemblage – Blanc de Noirs. Nos rosés, as minhas preferências recaem no Rosado 2020 da Quinta Costa do Pinhão (ainda que ainda precise de respirar) e no Giz Vinhas Velhas Rosé 2018 (ainda que o 2017 me agrade mais).

Notas Finais

Foi uma grande tarde de provas, só ficou a falar mais tempo para poder provar tudo. Importa sublinhar que praticamente não provei vinhos fortificados, e não visitei alguns produtores, ou as visitas foram apenas parciais, já que em alguns casos já conhecia a gama de vinhos.

Não visitado: Blackett, Quinta dos Abibes, Quinta das Bágeiras, Quinta do Gradil, Villa Oeiras, Quinta de Pancas, Quinta do Tamariz, Quinta do Escudial, XXVI Talhas, Terras de Mogadouro, Poliglota, F Fita Preta, Maçanita (Douro).

Visita parcial: Quinta da Biaia (apenas um branco),) Quinta das Chaquedas, Casa Cadaval, Quinta da Costa do Pinhão, Titan of Douro, Conde de Anadia (apenas provado o espumante).

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