A Adega do Monte de Branco: caráter, loucura e alento
Vinhos com caráter é a promessa da Adega do Monte Branco e eu vou acrescentar com arrojo, presença criatividade, frescura e muito equilíbrio. O projeto de Luís Louro, iniciado em 2004, em Estremoz, partilhado na enologia com Inês Capão, traz-nos uma curiosa identidade, onde a potência e frontalidade, encontra a elegância e o refinamento. A sintonia entre os dois enólogos é indisfarçável e só torna os vinhos mais interessantes.
Depois, de uma Wine Session há alguns meses, uma visita de amigos proporcionou um almoço inesquecível na Adega do Monte Branco, mas acima de tudo uma partilha com vista para a vinha e um conhecimento mais apurado dos vinhos. E é disso mesmo que vou falar e resumir as minhas preferências e indicações em 3 vinhos (ou 4 como irão ver).






Começar com Alento
A gama Alento marca o início da viagem pelos vinhos. Branco ou rosé? Para mim, claramente o branco 2020. Porquê? Porque é fresco, a acidez dá amplitude ao vinho na boca (imaginem que o vinho se abre na boca e percorre todo o vosso palato, ao mesmo tempo que sentimos notas cítricas e minerais (pedra molhada se preferirem) bem presentes, que dão um bom equilíbrio entre acidez e fruta. O que explica isto? O trabalho realizado na vinha, a vindima feita no tempo certo, solo calcário e, claro, a seleção de castas e a procura por uma identidade, um Alentejo de brancos que se deixa beber e que nos refrescam da cabeça aos pés. O facto de salientar o branco, não implica que não tenha gostado do Rosé, mas é preciso fazer opções. Nos tintos, o Alento Reserva é já uma ótima opção de um tinto com alguma potência e frescura que vai agradar a muitos, mas nos tintos a minha preferência cai noutro lado e numa gama mais acima – para apreciadores. O preço da gama Alento começará nos 7 euros, aproximadamente. O reserva andará pelos 12.
A loucura e genialidade

Se é o “grau de sucesso que separa a loucura de genialidade”, a série limitada LouCa (Louro+Capão), são projetos pessoais de cada um dos enólogos, onde há liberdade para cada um individualmente criar, experimentar, brincar e até provocar. Costumo dizer que a criatividade é um risco, nem sempre corre bem, mas é assim que evoluímos e descobrimos o que está para lá dos limites.
O LouCa 2017, que já tinha provado antes, é de chorar por mais. Tem o tal caráter, tem um volume de boca e uma espécie de untuosidade fresca, com uma amplitude e acidez incisivas. É tenso, viciante, mas não é agressivo e tem uma complexidade que nos faz descobrir aromas como lima (ou limão), maçã, favo de mela, especiarias como pimenta branco…enfim, não vos vou maçar, pois é um recital que cada pode descobrir. É um vinho de 28 euros que vale cada cêntimo. A edição é limitada. É um vinho extraordinariamente gastronómico, mas que saberá sempre bem simples, com um queijo e que dará origem a grandes conversas, ou que acompanhará bem o meditativo por do sol alentejano
O LouCA é para mim dos melhores vinhos brancos do Alentejo.
A potência e o equilíbrio

O Monte Branco 2017 tinto, se não considerarmos a edição comemorativa dos 10 anos, está no topo da lista dos vinhos da adega. Para mim, neste vinho é onde encontramos mais a marca de Luís Louro, pois a personalidade forte do enólogo está presente que alia a potencia e intensidade, a alguma acidez, fruta preta e algum toque de especiarias. Um vinho pleno de precisão, onde conseguimos definir em concreto cada nuance. O final é longo e persistente. A acidez presente vai pedir provavelmente um provador mais experimentado. Um grande vinho do Alentejo que nos consegue aliar a potência e intensidade de aromas, a um lado com mais charme. Em tom de brincadeira, mas falando bem a sério, é um vinho para quem sabe o que quer. Entre o 2016 e o 2017, prefiro o 2017. O preço rondará os 38 euros.
Se não conhecem este projeto, é obrigatório. A Adega do Monte Branco tem marcado pontos na exportação, mas está no momento de nós portugueses, conhecermos mais deste projeto. Se puderem, visitem, se não puderem então bebam, provem, partilhem. Eu recomendo.