9 Alvarinhos imperdíveis para a sua lista

Se vamos falar de Alvarinho, temos que começar com Anselmo Mendes, um produtor/enólogo que é um ícone na região e no país. Contacto 2020, como aliás as restantes colheitas, é o verdadeiro todo-terreno. É um vinho que não hesito em recomendar quer pela qualidade, quer pelo preço. Pode até mesmo ser encontrado abaixo de 8 euros (numa boa promoção). Presente nas grandes superfícies, este vinho vai agradar à maioria. É elegante, fresco mostra o lado aromático do Alvarinho (cítrico, floral) e dá-nos imenso prazer, podendo ser bebido sozinho, como a acompanhar os mais variados pratos de peixe. A guardar deste vinho pode surpreender, mas está ótimo para beber já. Preço 9, 75 euros no Garrafinhas.

A Quinta de Santiago tem um portefólio de vinhos interessantíssimo e é uma das marcas da região que trabalha a sua imagem (o cuidado que têm na apresentação dos seus rótulos é só mais um detalhe). O trabalho feito nos últimos anos por Joana Santiago é de qualidade ímpar. Apesar de eu ser particularmente fã da referência “Sou” (mas o preço ia além do limite que defini), sou da opinião que o Quinta de Santiago Alvarinho 2021, retrata bem a natureza deste projeto. Elegante, vibrante, mineral, com um lado cítrico bem presente, destaca-se também por um lado salino (creio que presente na maioria dos vinhos da marca) que o torna particularmente viciante. Perfeito para a primavera e dias mais quentes. Saladas, salmão fumado, queijos vão agradecer este vinho, especialmente em modo final de tarde. Preço 10,45 euros na Martin Boutique Wines.

A Soalheiro é uma marca que consegue trazer-nos o melhor do Alvarinho, na sua versão tradicional e clássica, como nos surpreende com outras propostas criativas. Luís Cerdeira, hoje à frente do projeto da família, sabe como ninguém dar asas à comunicação e à criatividade. Como uma das maior insígnias da região, o leque de propostas é vasto. A minha opção vai para o tenso, fresco e cortante Granit. O lado aromático do Alvarinho, dá lugar ao lado cítrico, mineral e seco. Mais contido, é perfeito para a deixar a comida fazer o seu papel. Para mim vai muitíssimo bem com sushi. Quem preferir algo mais tropical aromático, pode ir para o Soalheiro Clássico ou Primeiras Vinhas. Um vinho para ter sempre em casa, ótimo para surpreender amigos – é aquele vinho que nunca desilude. Elegante. Muito. Para beber com prazer. Tive oportunidade de beber o 2016 e envelheceu lindamente. Preço 12,5 euros na Garrafeira 5

A Quinta de Paços é um dos meus produtores preferidos na região dos Vinhos Verdes. Adoro os vinhos, a história, a quinta, o saber que passa de geração em geração. Nos pequenos detalhes há sempre um certo charme e uma paixão enorme pelas vinhas. Além disso, é um prazer conversar com o Paulo Graça Ramos. Qual o vinho a escolher? Difícil. Na verdade, até viajaria para o ano de 2015, mas deve ser difícil encontrar. Se puderem investir um pouco mais, recomendo este Quinta de Paços | Casa do Capitão-Mor Reserva 2020. Um vinho mais complexo que os anteriores, o estágio em barrica (6 meses) confere mais textura, na boca é amplo e consegue um equilíbrio saboroso, entre notas cítricas e um toque mais gordo, com traços de mel e baunilha. Um vinho branco completo, vivo e pronto para fazer frente a iguarias mais intensas e ricas. Para quem procura algo mais ousado, o Alvarinho sobre Lias é ótima opção, mas o preço pode subir um nadinha. Este Casa do Capitão-Mor Reserva é sério mas nunca perde a elegância e a postura. Preço 14,25 Vinhedo.pt

A Quinta do Regueiro é um projeto que merece todo destaque. O trabalho de Paulo Cerdeira Rodrigues está mesmo no ponto e as possibilidades são várias. Entre o Barricas, o Maturado, Jurássico e Primito, vou no último pelo binómio prazer/preço. Este vinho é um Alvarinho em estado puro, a fruta brilha, elegantemente aromático, cítrico q.b. (e um pouco de frutos tropicais) e profundo e incisivo. Um parceiro para a mesa, um vinho que nos refresca até à alma. Um vinho que surpreende pelo corpo que tem e que não faz estágio em barrica. Seco, gastronómico, ideal para acompanhar um bacalhau no forno, um polvo ou um belo assado de domingo. Preço 14,90 euros na VinhAlvarinho.pt

Vale dos Ares (projeto do énologo/produtor Miguel Queimado) tem no seu portefólio provavelmente um dos 5 melhores Alvarinhos da região – o Vinha da Coutada, curiosamente a minha proposta é outra. Porquê? Porque há vinhos que nos divertem, que são misteriosos, que parecem ser de outra região, que nos desafiam e que são como uma daquelas bandas que desconhecemos, mas que de repente não conseguimos deixar de ouvir – estou a falar do Vale dos Ares “Borras Finas”. Pensem naquilo que habitualmente é na sub-região de Monção/Melgaço. Pois, este vinho é outra coisa. Não vou dizer que são as Rias Bajas em Portugal, porque é melhor que isso. O vinho literalmente entranha-se, tem acidez, é seco, é fresco, é mineral, é tenso, é cítrico e depois, parece que tem notas que encontramos nos espumantes. Não sei. Sei que nos faz viver mais rápido (viver, ou beber), é um pouco assim, cortante, arrojado. Longo que se farta, este vinho é imponente à mesa. Um grande trabalho a um preço fantástico. Preço 15,99 no Adegga.

O Pequenos Rebentos O Caminho 2020 é segunda edição de um vinho que, em 2019, foi feito como uma forma de celebrar os 10 anos de projetos. O sucesso foi inequívoco e O Caminho veio para ficar. E ainda bem. Márcio Lopes colocou uma década de experiência para imaginar um vinho que mistura diferentes técnicas de vinificação, criando, talvez, o seu melhor vinho branco. Delicadeza, finesse, complexidade, frescura, mineralidade, um pouco de especiarias que envolvem o palato, numa descoberta constante, onde a acidez e a textura se equilibram. Um vinho que nos ensina o prazer da contenção, tem acidez fina sem marcar, tem textura sem pesar, tem fruta precisa, no ponto certo, e tem o sabor do tempo. Um vinho que sabe estar, em qualquer situação e em qualquer contexto. Para beber, guardar, como quiserem. Preço 18,5 euros na Tio Pepe

Quem me conhece, sabe que sou admirador confesso do projeto do José Domingues. Aprecio a precisão, equilíbrio, delicadeza e subtileza dos vinhos que faz. E, na verdade, ia apresentar aqui o Alvarinho 2018, mas o coração (sim, porque nos vinhos há emoções) pende para o Terrunho d’Alma Espumante (de Alvarinho). Se há vinho que me fez gostar ainda mais de espumantes é este. Quanto mais tempo passa, melhor fica. Se a edição anterior estava fantástica, a de 2018 pode mesmo superar. Sublime, elegante, bolha delicada mas bem definida, cremoso, com complexidade. Um vinho/espumante que com simplicidade pede cerimónia, mas que apetece beber todos os dias. Sinceramente, não é o espumante que eu quero levar para a mesa (cumpriria o seu papel, atenção), é o espumante que tem o potencial para nos fazer mais felizes, que não precisa de mais nada que não seja, ou a solitude, ou a boa companhia. Se a beleza fosse um vinho, este era um deles. Ideal para quem está de bem com a vida e quer viver com um sorriso. Preço 22 euros na Vineria.

Vamos concluir em grande com o Afluente 2020 do Constantino Ramos. E porquê? Porque é um vinho sublime e, simultaneamente, portentoso – um dos grandes vinhos brancos em Portugal. A cada edição o vinho está mais afinado, no equilíbrio, na relação longevidade/fruta/acidez/corpo. Em todos os quadrantes o vinho está num altíssimo nível. Destaco o lado cítrico, com um ligeiro toque aromático. Parece suave, mas agarra-nos de imediato com um lado incisivo, crocante, tenso, sem ser áspero ou rude. Pelo contrário, flui com a mineralidade e torna-se longo, preciso, elegante e presente. Um vinho com fator “uau” (mais orientado para o consumidor experiente, até pelo preço) e que nos ensina tudo aquilo que um vinho branco pode e deve ser. Vibrante. Um vinho que fica na memória e que brilhará à mesa. Está a um preço de arrasar na Martin Boutique Wines : 18,5 euros.